Certa vez conheci uma pessoa e quando disse que era cristã ele me perguntou: e você é ex o que? Porque geralmente eu ouço falar de pessoas que bebiam, se drogavam, se prostituíam e depois se converteram. Eu disse: não eu não sou ex nada disso aí, pelo contrário sempre fui bem tranqüila, aparentemente.
Eu já havia tido contato com pessoas evangélicas na minha infância, minha avó materna por exemplo, mas não apreciava muito ir à igreja dela, às vezes eu ia e dizia que gostava só para agradá-la, gostava mesmo era das canções que tocavam no rádio durante os dias de férias que passava em sua casa.
Meu jeito tranqüilo e quase autista levou as pessoas a perguntarem se eu era cristã. Hoje eu sou, e vejo que cristão não tem muito a ver com o que eu era. Eu era uma menina tímida e triste. Insatisfeita com meu nariz, meu cabelo, minha pele, minhas condições financeiras, minha casa, podia até não parecer, mas eu dava muito ibope a valores efêmeros. Eu não me via curtindo as festas que minhas colegas curtiam porque achava que eu não estava à altura das festas, na verdade aquelas festas que não tinham nada a ver comigo e toda vez que eu tentava me moldar àquelas situações, o sofrimento era pior. No colégio, na faculdade também tive contato com outros cristãos, cheguei inclusive a freqüentar a PIB, através de uma amiga que fiz na faculdade, mas a igreja era distante, a reunião da célula era distante e um dia deixei de ir.
Depois de algum tempo eu decidi que se me perguntavam tanto se eu era cristã, era porque algo de cristão eu deveria realmente ter e achando o meu lugar eu poderia ser feliz. Em 2003 falei com Dona Zelita, minha querida vizinha, que eu queria visitar a igreja dela, eu sabia que era Batista e o fato da igreja se localizar próxima à minha casa era um ponto positivo para uma pessoa que vivia o cúmulo da timidez, ( aliás a primeira vez que tive contato com algo batista foi em 1993, aos 8 anos, quando ela mesma me levou para um dia de EBD para crianças, da qual só recordo da minha fobia perto de tanta criança que eu não conhecia e de ter aprendido a música: do oriente magos vêm, de camelo até Belém, trazem presentes para o Rei, ouro, incenso e mirra têm!!). A primeira vez que fui à IBG coincidiu com a data que o coral dela iria cantar, então tive que sentar sozinha no banco, escolhi o último do lado direito, a igreja me pareceu fria em todos os sentidos e o visitante ainda tinha que levantar no início do culto para que os outros o vissem.
Cheguei a ir outras vezes, mas por comodismo, por achar a igreja fria, por não ter tempo etc, me afastei...um certo domingo estava sozinha em casa e decidi: vou à Igreja. Ao chegar lá tive a grata surpresa de estarem comemorando o Jubileu de Rubi, (40 anos), lembro que me converti numa sexta-feira, estava usando blusa vermelha e calça jeans, estava sozinha, sentada no último banco do lado direito, como sempre fazia. Mas antes disso devo falar que voltei no dia 19.11.06, o Pr edvar falou da série de conferências e solicitou às pessoas que comparecessem desde o primeiro dia (24.11.06), uma sexta-feira, sexta-feira é um dia típico para outros programas. Pois bem, no dia 24.11.06 estava eu lá com meu bloco cinza de notas para anotar tudo que Jesus tinha preparado para aquele encontro que com certeza estava na agenda de Deus. Não registrei o nome do Pr que pregava mas tenho em mãos as minhas anotações ; o Tema foi : Em Busca de um Sonho. Da mensagem transcrevi as seguintes frases: “ Em meio a tempestade Deus sempre prepara alguém para te acolher”; “ Calamidade não é sinal de culpa”; “Quem conhece o Poder de Deus não é iludido pelas pessoas”; “Todo poder só se encontra em Deus”; “ Deus quer transformar sua mão ferida em instrumento de bênção”; “Deus tem o suprimento que você necessita”; Cada uma dessas frases me fez enxergar Deus agindo na minha vida, mesmo nas situações mais adversas em que ousei questionar ao Senhor. Este foi o dia da minha conversão. Na hora do apelo, meu corpo queimava, a timidez fez com que eu ficasse algum tempo no meu lugar sem querer ir pra frente, mas não estava dando mais para segurar, Deus falou pra mim, aquela mensagem era pra mim eu tinha que reconhecer isso. Venci aquela longa distância que separava o último banco das primeiras fileiras e fui lá na frente cheguei sozinha mas sei que fui abraçada por membros e depois fui para uma sala onde ganhei o evangelho de João. Voltei no sábado 25.11.06, a mensagem para mim foi uma continuação do que ouvira na sexta-feira, falava que quando se está trilhando o caminho da obediência, via de regra, você encontra oposição, via de regra você supera o que te aflige e se você fracassa o Senhor te ajuda, que Jesus sempre ouve seu gemido e que a tempestade jamais prevalece sobre sua vida. No domingo 26.11.06 foi falado sobre a experiência do deserto. No deserto Deus trata as nossas feridas, aperfeiçoa a nossa fé e nos prepara para os desafios. E o principal: não importa o tamanho do seu deserto, DEUS é maior. Poderia escrever aqui mais sobre a minha depressão na adolescência, sobre como eu era tímida (o cúmulo da timidez), como a minha auto-estima andava se arrastando pelo chão assim como os meus olhos caídos, de como estava insatisfeita com minha pele, meu cabelo, e outras características físicas minhas ou ainda minha decepção com as pessoas, mas o mais importante é dizer que apesar de todo sofrimento de todas as frustrações, cada característica física e psicológica me levou a estar onde estou agora, como essas características me mantiveram longe do pecado que poderia me afastar eternamente de Deus, hoje sou feliz, sei que Deus me criou para um propósito e os planos dele não poderão ser frustrados.. . A vida se tornou mais leve, alguns problemas persistem, mas sei que mesmo que eles durem décadas, posso esperar algo infinitamente melhor na eternidade.
Perceber o amor de Deus e o seu cuidado me fizeram querer retribuir de alguma forma a Ele, então resolvi amar mais, servir mais, ser mais gentil...mas nada, nada se compara ao amor de Deus por todos nós.
